segunda-feira, 12 de outubro de 2020

150.000 a menos


Bem que a pandemia poderia me inspirar escrever um bom texto, mesmo que melancólico, mas a inércia nunca me foi boa, sou inquieto e produtivo.

Mas foi a bendita fita que eu vi dias atrás que mexeu comigo, fez com que eu me visse nela representado.

Ela, que já foi uma linda fita que enlaçou um presente que adorei anos atrás, que era tão linda com sua cor tão viva, hoje está desbotada e sem vida. O presente que recebi não foi suficiente para atravessar o tempo, por mais que tenha sido um prazer sem tamanho recebe-lo e por mais que minha memória possua tendência à eternização de tudo, foi-se a cor a fita e o frescor de minha memória.

Aquela fita hoje espelha-me por representação, já que sou eu nela já tão sem vida, sem cor, sem oxigênio, sem vitaminas e minerais. Olhando no espelho consegui me esconder no autoengano, mas na representação da fita era eu nela espelhado com meu completo vazio, dor, apagão e em pleno desbotamento.

Estou apenas aguardando o sol voltar para pegar um cor para poder levar a fita no tintureiro esperando que seja possível que ela retome sua vida de beleza.

Lá se vão 150.000 brasileirxs que oficialmente perderam para a Covid... mas parece que está tudo indo bem!

Não consigo ver beleza alguma em mais nada, é somente a imagem da fita sem cor que me assalta a visão e impede de olhar adiante!

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